Hoje quero falar de um tema bastante delicado e que tenho certeza que assombra muita gente, inclusive eu. O tema escolhido para esse post é “Segurança”. Sofremos com a falta dela e a cada dia que passa ficamos reféns dos bandidos e da marginalidade. Em maio de 2014, eu e meu namorado fomos assaltados a mão armada no Setor Bueno. Venho de uma cidade do interior, onde raramente acontece algo que choque as pessoas, se bem que ultimamente têm acontecido bem mais coisas do que quando eu morava por lá.
Sou da época em que o ser humano era melhor, saíamos de casa e deixávamos a chave de casa na janela ou na caixinha do correio, voltávamos e nada acontecia, esquecíamos a chave do carro na ignição, ou as janelas abertas e quando voltávamos o carro estava lá, acreditem, intacto!
Sou da época em que o carro podia dormir fora da garagem, na porta de casa e que nada acontecia, época que podíamos andar na rua tarde a pé e chegávamos bem em casa. Antigamente podíamos dormir com a janela aberta e sentir o ar puro da noite, sentávamos na porta de casa em cadeiras de fio até tarde da noite e éramos bem mais felizes. Cresci assim!
Quando me mudei para Goiânia (uma cidade com uma região metropolitana de quase dois milhões de habitantes), andava pelas ruas (do mesmo bairro que fui assaltada) sem ter a noção que o perigo era tão grande, acho que por estar acostumada com outra realidade me sentia tranqüila e achava que nada ocorreria comigo.
Hoje vivemos reféns do medo, medo de chegar em casa tarde da noite e abrir o portão da garagem, medo de descer do carro para entrar em casa, de abrir a janela de casa a noite (eu não abro a do meu quarto desde maio de 2014, mas a frente explico o motivo), medo de andar tranquilamente pelas ruas, medo de usar o transporte público, medo de usufruir do que batalhamos tanto para ter, medo de ser feliz.
Era 20h de uma segunda-feira, do mês de maio, muita gente na rua, estava despedindo do meu namorado quando um adolescente abriu a porta do meu carro e colocou a arma na cintura dele. Fiquei em estado de choque, mas ele dizia que queria apenas o carro. Tive medo de morrer e mais medo ainda de perder o Alê, pois a arma estava apontada para ele. O bandido, nervoso, pediu que saíssemos do carro. Apressadamente o Alexandre saiu e então o adolescente (que não deveria estar ali, nos coagindo) pediu para que ele não olhasse para trás. E eu? Continuei dentro do carro sem conseguir me mover, fiquei sem ação e com a bolsa no colo.
― Meu Deus, pensei, isso não é verdade ―. Pisquei várias vezes achando estar enganada ou que apenas estava entendendo errado. Mas aquela cena era verdade e, quando me dei conta, o cara já estava sentado no banco do motorista. Eu olhava para frente. O Alexandre já estava longe, mas com o olhar desesperado esperando que eu saísse do carro.
O assaltante gritando me mandou sair e, assustada, consegui abrir a porta do carro. Quando ia saindo ele me mandou deixar a bolsa. Quase desmaiei, estava tudo lá! Todas as minhas makes, óculos, documentos, inclusive a carteira de trabalho (Estava tirando meu DRT). Perdi tudo!
Eu tinha mania de deixar tudo dentro do carro. Minha mãe ia fazer uma embolização para conter um aneurisma no cérebro no mês de junho e os exames estavam todos no carro (eu tinha pegado os exames mostrar para neuro). O par de patins que eu tinha andado no final de semana ainda estava no porta-malas. Eu ainda tentei pedir para ele me deixar pegar os exames da minha mãe, sim eu consegui falar isso, não sei como, mas consegui. Em vão, pois ele me mandou sumir.
Fechei a porta do carro e não consegui mais sair do lugar. Fiquei ali parada no meio da rua, o bandido deu ré e sumiu! Sobraram os nossos celulares (que estavam em nossas mãos) e claro o mais importante, nossas vidas. O fato ocorreu na porta da casa do Alexandre, entramos e eu não consegui falar nada, choque total! Bebi uma água e rapidamente voltei à realidade, não consegui chorar e fiquei sem chão. Poderíamos ter morrido.
Depois disso, tenho medo de tudo, suspeito de tudo e de todos, e é insuportável viver assim. Sempre que o Alexandre voltava para casa, eu já começava a me descabelar de tanta preocupação se ele demorava me ligar para dizer que tinha chegado bem. Sentia medo de passarmos por aquela situação embaraçosa novamente.
Meu carro foi encontrado quatro dias depois, batido e com perda total. Graças a Deus eu tinha seguro. Mesmo assim, passei muita raiva, mas depois de muita burocracia da seguradora, tudo se resolveu. Consegui comprar outro carro somente em julho, época da cirurgia da minha mãe. Tivemos que refazer todos os exames que se perderam no roubo. Mas no final deu tudo certo e aprendi não deixar mais nada dentro do carro.
Depois de um ano e três meses melhorei um pouco e, quando achava que tinha superado meu trauma (fiquei "nóiada"com tudo), novamente aves de rapina levaram minhas coisas. Dessa vez, aconteceu na última sexta-feira, 11. Estragaram meu pára-choque e cortaram o “chicote” do meu carro, todas as portas foram abertas, levaram o estepe, extintor, e as malas que estavam dentro do carro (naquele dia, eu ia para Brasília depois do expediente ver meu namorado). Mas isso já é história para outro post.
Ainda bem que a vontade de ver o Alexandre nada nem ninguém tira de mim! Enfim, depois do embaraço, eu fui para a capital federal, de carona e, como sempre, foi ótimo (mas isso não preciso de um novo post para contar rs).
► Acredito em dias melhores! Dias em que viveremos sem medo!
Bjos
Emê
Um comentário:
Uma triste realidade do nosso tão querido Estado de Goiás. Assim como você, também fui vítima dessa insegurança em cinco situações diferentes e coincidência ou não, todas, aconteceram de 2013 para cá.
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