Vendo o relato recente da Juliette (Ex-BBB), veio a minha mente tudo que vivi no início de 2020. Eu tinha acabado de voltar das minhas férias em Portugal, estava felizona e com mil planos na cabeça. Era segunda-feira. Fui acompanhar minha mãe em um exame de rotina com seu neurologista. Há um tempinho descobrimos que minha mãe tem um meningioma cerebral (tumor benigno) e dois aneurismas. Na época, ela realizou um procedimento chamado “embolização” para conter o avanço de um dos aneurismas, que era o mais preocupante. Correu tudo bem, e agora apenas fazemos acompanhamentos anuais para ambas situações.
Um dos principais motivos do desenvolvimento do aneurisma é a genética, ou seja, uma tendência hereditária (de mãe para filho e assim por diante). O neurologista da minha mãe nos alertou que a doença pode afetar até a quinta geração da nossa família a partir da minha mãe, por isso, é muito importante que todos nós façamos o exame de angioressonância. É nele que as veias do seu cérebro são observadas e avaliadas.
Enquanto eu acompanhava minha mãe no seu retorno anual, Dr. Francisco me pediu, mais uma vez, que fizesse a angioressonância (sim, ele já tinha me pedido mil vezes, desde o dia que descobrimos o problema da minha mãe). Eu sempre relutava em fazer, pois morria de medo de descobrir ter aneurisma.
Nesse dia, nada me impedia de fazer. Contei meus planos de estudar fora e ele disse que eu realmente precisava fazer para ir tranquila. Saí da sala dele e já consegui uma vaga para o exame. Tiveram que aplicar contraste na minha veia, o que significa que tinham que avaliar melhor algo ali. Travei dentro daquela máquina. Pensei, pronto, vou morrer. E meus planos, sonhos? Socorro, Deus!
No dia de levar o resultado, nenhuma surpresa. Tinha algo ali e ele disse que tudo indicava ser um aneurisma, mas que precisava de um exame mais específico: uma angioplastia (cateterismo). Aí pronto!! Pensei que era meu fim! Já nem pensava mais nos meus planos e nem queria sonhar mais. Marquei o exame para 28 de fevereiro de 2020. Fiquei um mês tensa e prometi só pensar nos meus planos depois do resultado. Na verdade, foi o mês que mais demorou a passar no ano. Pai santo!!
Chegou o dia do procedimento. Fiz com o Dr. Elias Rabahi e sua equipe. Graças a Deus eu sempre estive em boas mãos. Os médicos disseram que o procedimento não poderia ter anestesia, que eu ia ver tudo, ficaria acordada. Logo eu, Maria Ansiedade?!!! Não ia conseguir nunca ver um cateter entrando pela minha perna e chegando até meu cérebro. Só de escrever aqui e relembrar já dá uma moleza (risos). Chorei, falei que não ia conseguir e eles resolveram me sedar.
Me despedi da minha mãe e pensei: adeus mundo! Sou meio dramática assim mesmo, foi assim na minha rinoplastia e em uma outra cirurgia que fiz. Ao fim do procedimento, sobrevivi, acordei com a minha mãe do meu lado. Eu chorava e não falava nada com nada por conta do sedativo. Fiquei bem grogue! Recebi uma ligação que acalmou meu coração e que me dava a certeza que tudo ia ficar bem. Eu tinha planos e eles não podiam acabar ali.
Dr. Elias apareceu no corredor enquanto eu me recuperava da anestesia e me deu a melhor notícia que eu poderia ter naquele ano. “Fique tranquila, não é um aneurisma, é apenas uma formação diferente da sua veia. Pode viver tranquila e sem medos”, disse ele, segurando a minha mão. Eu chorei, mas foi de alegria e de alívio. Dr. Francisco, quando viu o resultado da angioplastia, disse o mesmo, mas pediu que eu refizesse o exame a cada cinco anos. É um cuidado a mais para evitar o pior.
Voltei a sonhar, planejar meu futuro e a realizar tudo que tenho buscado. A vida é um sopro e amanhã podemos não estar aqui. Tudo isso que passei me fez valorizar ainda mais as oportunidades, os pequenos momentos, as pessoas e os sorrisos. Resolvi escrever aqui pra guardar esse tempo e nunca esquecer que “amanhã é outro dia”.
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